quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Povo de Lá - III

Vejo a nova geração, as primas de 9 e 10 anos como eu e minhas primas éramos há algum tempo. Brincando sem parar, nem aí pro que estava acontecendo na vida dos meus tios e não podendo freqüentar alguns lugares de adulto, como por exemplo, aquele rio com correnteza forte. Poderia olhar com indiferença, ou então viver a minha vida de adulto sem prestar atenção à elas. Mas lembro quando criança das pessoas adultas que eu gostava, e o que eu queria que elas fizessem. Tenho a oportunidade ser pra elas aquilo que eu admirava quando pequena, portanto, vamos ser. Receber de repente um abraço de uma criança significa que estamos de alguma maneira acertando.
E os mesmos adultos que antes me vinham como essa criança que brincava o tempo todo e não estava nem aí pra eles, hoje ouvem o que eu falo e observam o que eu faço.
As pessoas contam muitas histórias daqui e de muitos de lá. De gente que sae e acaba voltando, que vem e vão o tempo todo, com alegrias e tristezas, com vontades distintas. E apesar de estarem em uma cidade pacata, são muito bem resolvidos quanto a essa dinâmica da vida. Sem dramas. Afinal,  o que estaríamos fazendo aqui senão pra viver nossas histórias e vontades. E é assim que a vida se desenha.
E é a vida das crianças que realmente vale a pena por aqui. Andar sozinho, de noite e de dia, a caminho de um rio ou uma cachoeira. Poder pular da ponte e nadar com os outros meninos da mesma idade, brincar com a areia como se fosse o melhor brinquedo. Ter o corpo pretinho e os pés ágeis desde cedo pra enfrentar todas as porteiras e trilhas de pedra pelo caminho. É tudo deles e tudo se pertence, não são áreas restritas e montadas para recriar um universo natural. Os cabelos e a roupa levemente desajeitados combinam perfeitamente com a grama despretensiosa que nasce entre as águas e as rochas.





Nenhum comentário:

Postar um comentário