quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O Povo de Lá - I


Depois de longas viagens por lugares inóspitos e cheio de contrastes, era hora de viajar por caminhos já conhecidos, porém distantes.
Ano novo sem fogos e champanhe, a caminho do interior da Bahia. O ano terminou com tudo resolvido pra minha família. Era hora de descansar e eu precisava estar junto.
Saindo de casa dia 31, com intermináveis 24 horas de viagem que já me fizeram pensar em como seria a volta dali a poucos dias.
Minha mãe nos recebeu na casa dos meus avós para nos dar o que comer e contar as novidades dos últimos 15 dias. Quase que chego e não os acho! Meus pais, na volta da comemoração de ano novo, caíram com o carro em um barranco, bem na curva. Minha prima que estava dirigindo disse que foi uma pane elétrica. Não sei direito, ela costuma confundir coisas básicas do carro e tenho minhas dúvidas quanto o real motivo, mas não importa. Importante mesmo é que todos ficaram bem, ninguém se machucou e resultou que minha prima ficou meio apaixonadinha pelo mecânico que a ajudou a consertar e tirar o carro do buraco. Minha mãe continua então com mais medo do que todo o resto do mundo, e isso tinha que acontecer justamente com ela. Paciência.
Como disse um dos tios que conheci aqui no dia seguindo, o tio Aury que também caiu no barranco um dia desses, o que ele ia fazer? Chorar? Nada disso, como um bom baiano tratou de subir o morro tranqüilo pra pedir ajuda, e como bom brasileiro que é acabou é ajudando outros motoristas que passavam por ali e queriam informação. Uma figura extremamente simpática. Assim como todos aqui.
Só de passar nas pequenas ruazinhas é suficiente para os moradores te cumprimentarem, e forte. É aperto de mão e beijo seguido de um forte abraço, de homem, mulher e criança. Ô povo que abraça forte. Tia Hercília, irmã do meu avô nos fez uma visita, e apesar de não gostar muito de ser apertada, o abraço dela valeu a pena tamanho a energia dessa senhora magrinha de 76 anos. 


Vou tomar emprestado um trecho da musica do Pato Fú que uma outra tia minha usou pra descrever esse vilarejo: Vai diminuindo a cidade/Vai aumentando a simpatia/Quanto menor a casinha/mais sincero o bom dia.
Almoço é cada dia na casa de uma família. As casas inclusive são muito parecidas, tanto nos materiais da construção que hoje são de alvenaria, mas que já foram de adobe, quanto na arquitetura simples e quadrada, com uma porta central e janelas quadradas de cada lado. Sinônimo de simplicidade, mas também de um pouco de ignorância por não dominarem outras técnicas mais avançadas. Depois de ver como povos tão antigos como os incas eram sábios e sabiam aproveitar a natureza a seu favor, to começando a olhar os povos de outra maneira. Até que ponto o conformismo não é o nosso mal...

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